Igreja e Prevenção: Uma aproximação interdisciplinar e sinodal aos abusos sexuais

Em continuidade aos nossos trabalhos, estamos organizando este I Seminário GRATUITO ‘Igreja e Prevenção’: Uma aproximação interdisciplinar e sinodal aos abusos sexuais. Faça sua inscrição através do link: https://bit.ly/seminarioigrejaeprevencao1 Contamos com o apoio da Associação Brasileira de Apostolado (ABA), da Diocese de Petrópolis e do Núcleo Lux Mundi. Não perca esta oportunidade de Formação! Os expositores convidados são: Dom Antônio Augusto Dias Duarte; Dom Gregório Paixão, OSB; Claudia Giampietro; Pe. Fabiano Schwanck Colares; Ir. Maria Denise; Dante Aragón.
A Prevenção do abuso sexual: O Papel da Igreja.

Prevenção do abuso sexual: O papel da Igreja

Em continuidade aos nossos trabalhos estamos apoiando a Associação Brasileira de Apostolado (ABA) na organização de um Webinário com o tema ‘A Prevenção do Abuso Sexual: o papel da Igreja’ Faça sua inscrição através do link: http://bit.ly/webinarioprevencao
Os Dois Princípios do Psicólogo Realizado

Certamente você já leu ou viu algum vídeo sobre regras, atalhos, dicas, segredos para sucesso em alguma esfera da vida. Este breve texto, não visa falar do sucesso, mas sim da realização. Essa distinção se dá baseada em Viktor Emil Frankl, psiquiatra austríaco fundador da Logoterapia. Para Frankl (2015) enquanto o sucesso se encontra em um plano horizontal da existência, a realização se encontra em um plano vertical. Com isso o psiquiatra austríaco queria dizer que uma vida de sucesso, por exemplo, com dinheiro, bens materiais e fundamentada na obtenção de prazer, não necessariamente será uma vida realizada, que significa sobretudo uma vida com sentido. Então, poderia dizer que os dois princípios aqui elencados são, na minha perspectiva, nortes para um psicólogo que queira viver sua profissão com sentido. Claro que, diante da complexidade da realidade resumir uma prática profissional a três, quatro, cinco ou seis princípios pode ser reducionista, mas me arrisco a tal por acreditar que as duas atitudes abaixo são fundamentais para um psicólogo que queira atuar de forma ética, no seu sentido mais clássico, ou seja, de forma a viver com excelência sua práxis profissional. A primeira atitude é o respeito. Entretanto, respeito aqui não é entendido como a aceitação incondicional de qualquer atitude do outro, ou o não emitir qualquer opinião contrária sob o risco de levar o rótulo de preconceituoso. O respeito da modernidade está muito mais vinculado a uma tentativa de legitimação do subjetivismo e do voluntarismo do que ao sentido profundo dessa atitude. Entendo respeito como uma atitude ética, a primeira delas, como afirma Hildebrand (1995) “uma atitude fundamental que, por assim dizer, se pode apontar como mãe de toda virtude moral, porque é ela que, antes de mais nada, permite abeirar-se do mundo e abrir os olhos para os valores que encerra.” (p. 6). Mais a frente, o filósofo completa que o respeito é “aquela atitude receptiva que permite compreender o que há de peculiar e valioso em cada situação e cada homem” (p. 6). Nesse sentido, respeito é a atitude de abertura ao mistério que é o outro, uma pré-condição para apreender a grandiosidade de cada pessoa, sua particularidade, não a rotulando ou encaixando em teorias que, muitas vezes, partem apenas de um aspecto da realidade, generalizando-o como um todo, o que Frankl (2011) afirma ser a ideologia. No campo da Psicologia a falta de respeito pode se traduzir em uma tentativa de encaixar a pessoa dentro de uma determinada teoria ou diagnóstico, reduzindo a mesma, por exemplo, a sua doença. Mais do que isso, a falta de respeito pode se manifestar como soberba, onde a aproximação a pessoa é feita de forma insolente. Quantas vezes nós psicólogos não caímos no erro de acreditar que possuímos uma série de conhecimentos que nos tornam superiores, entendedores de qualquer comportamento humano e deixamos de nos abrir ao outro? O humano sempre transcende, sempre desafia, sempre suplanta as teorias, porque o humano é um mistério, sendo o respeito a atitude que permite ao homem que se aproxima de outro semelhante não objetificá-lo ou reduzi-lo a suas categorias parciais de conhecimento. O respeito impede que roubemos do outro sua dignidade, que repousa, entre outras coisas, no fato de que cada vida humana constitui um elemento único na história desse planeta. O segundo princípio é a admiração. Ela se aproxima do respeito, mas enquanto o primeiro pode se estabelecer sobretudo em uma esfera cognitiva, o segundo adentra a vida emocional. A admiração, de acordo com Lacroix (2006), provém da palavra latina “admirari” que significa um movimento para maravilhar-se, um “subordinar-se respeitosamente àquilo que é superior” (p. 187). Lacroix (2006) completa mais a frente que o objeto da admiração é reconhecido por “sua riqueza não se esgotar num único olhar, mas se desvelar através de uma frequentação paciente, de uma decifração progressiva.” (p. 188). A admiração, portanto, nos mantêm fiéis na busca por compreender o mistério do outro, a, indo além de seu sintoma, adentrar na sua história, nas suas particularidades, nas suas virtudes e possibilidades de realização de valor. A admiração sofre com uma vida emocional superficial, sem contemplação. Será que nós ainda possuímos a capacidade de nos admirarmos com o outro, será que na era da informação rápida, de milhares de contatos em um único dia por meio das redes sociais, temos a disposição interior de se debruçar e parar nosso olhar no outro que está em nossa frente? Para nós psicólogos esses dois princípios se apresentam como chaves para uma prática repleta de sentido, porque o respeito e admiração constantemente nos levarão a viver a práxis profissional de forma autotranscendente, nos levarão a sair de nós mesmos, a nos abrirmos para a vida da outra pessoa, a desafiar as teorias e compreender que o homem, no mais profundo de si, aponta para algo muito além dele mesmo. FRANKL, V. E. (2015). Em busca de sentido: um psicólogo no campo deconcentração (Vol. 3). Editora Sinodal. FRANKL, V. E. (2011). A vontade de sentido: fundamentos e aplicações daLogoterapia. São Paulo: Paulus. LACROIX, M. (2006). O culto da emoção. Traduzido por Vera Ribeiro. Rio deJaneiro, José Olympio. HILDEBRAND, DV (1995) Atitudes éticas fundamentais. São Paulo:Quadrante.
A Verdade e Autenticidade Humana

O ser humano é um descobridor e explorador da verdade, a sede por conhecimento é uma marca característica que esteve presente ao longo de toda a humanidade e que permitiu que evoluíssemos como sociedade e indivíduos. Toda ciência porta um dinamismo centrado na busca da verdade, desta forma, sua busca não está apenas relacionada à realidades materiais mas também à realidade da existência humana, tendo em vista áreas do conhecimento como sociologia, psicologia e filosofia. A verdade é inerente ao ser humano, porém, seu descobrimento o afeta diretamente. Ela é geradora de coerência que por sua vez, permite que sentimentos de harmonia e paz sejam estabelecidos. Quando um indivíduo se depara com a verdade, não lhe é garantida a paz de imediato, apenas por conhecê-la, é necessário, a partir de um ato livre, aceitá-la. Pode-se imaginar dois cenários diferentes em que ambas pessoas tiveram esse encontro com a verdade, porém, reagiram de forma diferente. No primeiro cenário, a pessoa em seu ato livre, escolhe por ignorar a verdade que lhe foi apresentada e seguir o seu caminho na mentira e continuará sentindo certa angústia pois lhe faltará a coerência. Já em um segundo cenário, em que a pessoa também se depara com a verdade, escolhe, também por um ato livre, agir conforme o que lhe foi revelado. Este movimento de abraçar a verdade pode ser doloroso pois depende de uma mudança de comportamento e ruptura com velhos hábitos, ou seja, é um movimento que nos tira da zona de conforto, além de nos depararmos com nossas fraquezas ao perceber que somos suscetíveis ao erro. Porém, o sentimento que vem atrelado à luta pela mudança, não é o de angústia, e sim o de paz pois há a busca da harmonia. Para exemplificar os cenários acima dentro do contexto da psicologia, pensemos em uma situação de luto não elaborado, ou seja, quando a pessoa apresenta dificuldades de entrar em contato com sua perda. O sujeito que passa por uma situação de perda pode não elaborar o luto por uma negação da ideia de que ela possa ter perdido uma pessoa amada, e tal movimento de negação virá atrelado a sentimentos negativos como tristeza, raiva, angústia. Porém, a pessoa que decide por trabalhar essa “não aceitação”, por mais difícil que seja perceber e aceitar que a pessoa falecida não está mais ao seu lado, passar pelo processo de elaboração da perda permitirá que ela aprenda a lidar com esse fato, trazendo uma reorganização emocional. Segundo Santo Tomás de Aquino, a verdade é a adequação do intelecto à coisa. Tal afirmação pode ser interpretada no âmbito da psicologia clínica, sendo a verdade como a busca da adequação do intelecto à realidade do sujeito como ser humano e indivíduo. Ou seja, o entendimento do que seria o fim natural do homem enquanto espécie e em sua individualidade, e posteriormente, a adequação do seu comportamento a esse entendimento. Pois, para além do intelecto, Santo Tomás tratara a vontade como fator essencial para que o homem desempenhe domínio sobre suas ações. A adequação do sujeito à verdade, faz com que ele se torne um ser humano autêntico, pois tem a realidade como norte, e dessa forma corrobora Santo Agostinho quando diz que “verdadeiro é aquilo que é”. Para que possamos ser seres humanos autênticos, devemos ser fieis a quem somos, ou seja, devemos adquirir autoconhecimento e aceitar as circunstâncias nas quais estamos inseridos, pois quando há essa aceitação nosso mundo interior entra em harmonia com o exterior. O autoconhecimento não se restringe a apenas a consciência de quem a pessoa é, mas também em relação às potencialidades do indivíduo. Segundo Ricardo Yepes Stork e Javier Aranguren Echevarría 1 , a ação humana é formada a partir de critérios prévios, baseando-se em valores, que por sua vez, se baseia no que conhecemos como verdade. Ou seja, seres humanos autênticos são pessoas em conformidade com a realidade que os cerca, e o psicólogo irá exercer um papel fundamental na mediação desse processo. Temos o trabalho de identificar o que está destoante entre o pensamento do indivíduo e a realidade, facilitar sua percepção e auxiliá-lo no processo de mudança. Essa mudança será responsável por um grande crescimento, pois como dizem Yepes e Echevarría, a verdade é responsável por inflamar as asas das capacidades humanas. É seguro afirmar que cada indivíduo é único e insubstituível, ou seja, cada um ocupa um diferente espaço no mundo e exerce uma diferente função. Dessa forma, o trabalho do psicólogo consiste em entender sua individualidade, seu sistema de crenças e valores para entender como tal sujeito atua no mundo e trabalhar dentro desse cenário a partir de conhecimentos teóricos e práticos com o objetivo de proporcionar maiores níveis de saúde mental. 1 STORK, Ricardo Yepes & ECHEVARRÍA, Javier Aranguren. Fundamentos de antropologia.Um ideal de excelência humana. São Paulo: Instituto Brasileiro de Filosofia e Ciência Ramon Llull, 2005.